01 | Recursos abundantes
#. ECONOMIA – Recursos abundantes
“nenhuma planta silvestre nem grãos haviam brotado na terra, pois o Senhor Deus ainda não tinha mandado chuva para regar a terra, e não havia quem a cultivasse.” – Gênesis 2.5
Cultivar e guardar são verbos centrais do mandato cultural. Desses dois imperativos dependem o
bom propósito dos demais: ser fértil, multiplicar-se, povoar a terra, governá-la e dominar sobre os
animais. Cumprimos estes últimos, sem, necessariamente, ter diligência com os dois primeiros.
Tudo passou ao status de “muito bom” quando o homem foi criado. Todas as coisas, enfim,
funcionavam conforme o seu devido propósito. A terra produzia e até mesmo a chuva, que nunca
esteve sob o domínio total do homem, passou a existir.
A Queda , no entanto, afetou radicalmente o bom funcionamento do ecossistema e a relação do
homem com o trabalho e com os recursos, que se tornaram escassos. E o trabalho, que era
puramente desenvolvimento de potencialidades, agora também é fardo sem o qual o homem não
combate a escassez, consequência econômica da Queda.
A palavra “oikonomia”, de onde vem “economia”, em curta definição, diz respeito à administração
da casa, seja esta representação do núcleo familiar, da pólis ou do planeta. Em todo caso,
administrar a casa tem como eixo motor resolver o problema da escassez.
A pergunta é: a redenção anunciada no Evangelho tem implicações econômicas ou apenas
soteriológicas? Possui ambas e muito mais, pois se estende por tudo o que está sob o domínio da
criação e da providência de Deus.
Em Cristo, Deus está redimindo a criação e reconciliando a si todas as coisas, inclusive a mola
propulsora de geração, alocação e distribuição de recursos, os negócios.
Uma vez, portanto, que reconhecemos nossa vocação empreendedora e fazemos negócios como
missão, não nos cabe mais adorá-Lo nos domingos enquanto, de segunda a sábado, estamos apenas
tentando resolver o problema da escassez. Pelo contrário, devemos trazer a Ele, aos domingos, o
louvor pelo fruto do trabalho em um solo improvável hoje, mas que há de ser eternamente fértil
outra vez.
Para refletir e aplicar:
1) O quanto percebo que a rentabilidade do meu negócio é relevante na missão que me foi confiada?
2) Minha gestão financeira tem sido eficiente na geração, alocação e distribuição da riqueza sem
comprometer a sustentabilidade do meu negócio?
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02 | O “muito bom” que há de vir
SOCIAL#. O “muito bom” que há de vir**
Toda vez que se perguntar sobre o valor das pessoas e qual sua posição em relação aos recursos
econômicos, lembre do fato de que foi em um cenário de recursos abundantes que Deus disse a
respeito do homem:
“Não é bom que o homem esteja sozinho. Farei alguém que o ajude e o complete.” – Gênesis 2.18
Surge aí a primeira estrutura social cuja realidade era de perfeita harmonia e complementariedade.
Homem e mulher estavam sob a missão de cultivar e guardar. E à medida que se multiplicassem e
ocupassem a terra, carregariam essa missão para todos os cantos do mundo.
Mas havia uma serpente no meio do caminho e uma árvore no meio do jardim. O resto do episódio
você conhece. A Queda, que provocou forte impacto nas relações do homem com os recursos,
também causou uma ruptura social que se estende até hoje, uma humanidade que parece fatalmente
irreconciliável.
Já reparou que seis dos dez mandamentos dizem respeito às interações sociais, sendo dois deles
sobre relações econômicas? Reparou também que as maiores rupturas sociais da modernidade giram
em torno de dois grandes sistemas econômicos, Socialismo e Capitalismo? Já se deu conta de que
as teorias sociais se debruçam sobre fenômenos provocados pelo modo como a sociedade se
organiza economicamente?
A essa altura, você deve ter notado o potencial dos negócios na obra reconciliadora de Cristo, que
promove a paz entre os homens, restaura a percepção da dignidade humana e os coloca, ainda que
na estrutura restrita de uma empresa/marca, debaixo da missão de cultivar e guardar até que Deus
complete o plano de reconciliar a si todas as coisas.
Fazer Negócios como Missão é, ciente desse potencial, lançar mão das possibilidades de explorá-lo,
transformando-o em impacto socioeconômico efetivo. Administrar recursos abundantes novamente
nos levam de volta, em certa medida, ao “bom” de Gênesis 1. Contudo, somente a cura de rupturas
sociais podem nos fazer experimentar, aqui e agora, o “muito bom” que há de vir.
Para refletir e aplicar:
1) Qual impacto social é provocado pelo meu negócio?
2) Que medidas práticas posso implementar, para explorar melhor as potencialidades de impacto
social da minha marca?
03 | Uma antiga coisa nova
AMBIENTAL#. Uma antiga coisa nova
“Pois estou prestes a realizar algo novo. Vejam, já comecei! Não percebem? Abrirei um caminho no meio do deserto, farei rios na terra seca.” – Isaías 43.19
“Oikonomia” é um conceito central dos pilares Econômico, Social e Ambiental de Business as
Mission. Antes de criar o homem, Deus providenciou-lhe uma “oikos” (casa) para habitar e
administrar. Havia perfeito funcionamento e produtividade no jardim criado por Deus e governado
pelo homem, até que os efeitos da Queda começaram a surgir.
Não bastasse o problema da escassez e da ruptura social, o desequilíbrio ecológico já começava a
apontar desde o princípio da história do homem pós-Queda. Deste modo, sua relação com recursos,
seu semelhante e meio ambiente foi drasticamente afetada.
Se o fator econômico diz respeito à administração dos recursos, e o fator social a “com quem” e
“para quem” desenvolvemos as potencialidades da “oikos”, o fator ambiental se trata das
condições do homem ter, não só uma casa para habitar, como também recursos para administrá-la.
Sim, “oikonomia” também implica em preservação ambiental, pois não se restringe a transações
comerciais e geração de capital. Nesse sentido, cabe ao cristão empreendedor rever toda a cadeia de
processos de seus negócios, e apossar-se da responsabilidade ambiental. Cuidar do meio ambiente
não é um“ item da última moda”, é verbo que ecoa desde o jardim e transpassa as cidades mais
modernas.
É válido frisar que a responsabilidade cristã com a preservação ambiental em nada comunica com o
“puritanismo verde” e ideológico que se vende por aí. Vale lembrar também que, de oração e
esmolas a negócios, fazemos não como quem busca a aprovação pública, mas por amarmos o
“bom” que Deus criou e como quem está altamente engajado na Sua missão de restaurar todas as
coisas.
Os negócios têm papel-chave na reeducação ambiental da população e na otimização dos processos
que causam efeito direto na natureza. Sobretudo, o papel de todo BAMer é, dentre outras coisas,
através dos negócios, cultivar e guardar o que Deus criou, removendo “espinhos e ervas daninhas”, enquanto testemunha, em primeira mão, Ele criar “rios no deserto e fazê-lo florescer”.
Para refletir e aplicar:
1) Quais processos do meu negócio interferem diretamente no meio ambiente?
2) O que posso fazer, hoje, para otimizar esses processos, de modo que causem impacto ambiental
positivo?
04 | De domingo a domingo
ESPIRITUAL#. De domingo a domingo**
Deus não criou o homem para o trabalho em si, mas para conhecê-Lo, glorificá-Lo e se deleitar nEle
para sempre, enquanto exerce sua vocação através do trabalho (‘avodah’) — e do descanso
também.
No jardim, havia uma aliança estabelecida por Deus com o homem e condicionada à sua
obediência. Não sei, ao certo, se a Queda se deu após o homem comer do fruto ou se, enquanto
comia, já era criatura em queda. O fato é que a primeira relação do homem a ser quebrada foi com
Deus. Dessa ruptura sucederam as outras.
No Evangelho, a redenção por meio de Cristo implica não só na salvação, mas na reconciliação de
todas as coisas a Deus. Nesse processo, Deus, mais uma vez, em grande generosidade e amor para
com o homem, o inclui como peça-chave. Aliás, “toda a criação geme, como em dores de parto”,
pela conclusão da obra redentora de Cristo na humanidade, como se disso dependesse a restauração
de tudo mais.
Por ser intrinsecamente religioso, tudo o que o homem faz é potencialmente devoto, seja a Deus ou
a qualquer coisa posta em Seu lugar. Trabalho, nesse sentido, é culto. O homem cultiva enquanto
cultua, produz cultura enquanto cultiva e presta culto como cultura. É um ciclo infinito de causa e
efeito. A Cristo pertence cada elemento desse ciclo. Ele é o sentido último de tudo o que se produz.
Negócios como Missão promovem reconciliação, sobretudo, na principal das relações, a do homem
com Deus, pois dela dependem as demais. Não se exclui do escopo de ação do BAMer, portanto, a
proclamação do Evangelho, pois ouvir e crer só é possível se houver quem anuncia as boas-novas.
Mas, por ser um assunto em si, deixaremos a proclamação para outra conversa.
O privilégio de ser enviado por Deus como embaixador que exerce o “ministério da reconciliação”
é usufruído por reconciliados somente. Anunciemos, portanto, o Evangelho em nossos negócios e
através deles, sem esquecer, contudo, que nosso trabalho é culto, cultivo e cultura, de segunda a
sábado, para celebrar os seus frutos em Deus de domingo a domingo.
Para refletir e aplicar:
1) Em que intensidade o meu negócio está comprometido em promover a reconciliação das pessoas
a Deus?
2) Quais ações práticas podem tornar essa realidade presente no ambiente de trabalho e nos
processos da minha empresa?
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